domingo, 25 de outubro de 2009



Está marcado o regresso de uma das séries que mais me fascinou na minha adolescência, V, é uma série televisiva de ficção científica que nos coloca perante o cenário de uma visita de extraterrestres que, à primeira vista, são nossos amigos mas que acabarão, mais tarde, por revelar outras intenções.Tal como acontece com muito boa gente, podem enganar muitos durante pouco tempo ou podem enganar poucos durante muito tempo mas ninguém consegue enganar muita gente durante muito tempo. Estreia a 3 de Novembro.


PS Estes devem ser os únicos lagartos que actualmente conseguem aterrorizar alguém!

sábado, 10 de outubro de 2009

Dead Man Walking



Hoje assinala-se o dia mundial contra a Pena de Morte. Porque nenhum homem tem o direito de tirar a vida a outro homem, por inerência, nenhum Estado tem o direito de tirar a vida a homem nenhum por demais torpe ou vil o crime que tenha praticado. Para os crimes ou para os criminosos existem duas Justiças, a Divina e a Humana, quanto à primeira está fora das nossas mãos e quanto à segunda, punir o criminoso praticando um crime não será decerto Justiça.
Na minha opinião, existem penas bem mais penosas que a morte, melhor não seria dar a quem cometa esses crimes uma vida tão penosa que todos os dias desejasse morrer? Aliás, a morte, em si,não será nunca uma pena mas parte da própria condição humana porque qualquer inocente está sujeito a ela, quer queira quer não, e o simples acto de atravessar a rua jamais pode ser encarado como um crime a punir porque esse próprio acto poderá acarretar a própria sentença de morte.
Depois existem os inocentes, esse pormenor sempre tão descurado desde que não toque a nós ou a algum dos nossos ente queridos. Não conheço nesta situação o resultado do apelo à estância superior mas desconfio que após a aplicação da pena que o inocente nessa situação esteja completamente tramado!
Para terminar, apenas um apelo à memória para que recordemos que nem tudo nesta terra tem necessariamente que ter sido mau. Fomos o primeiro país do mundo a prever a abolição da pena na Lei Constitucional, em 1867.
Recuso-me neste post pela dignidade e importância do seu tema a fazer qualquer referência ao estado actual da justiça no país.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Pérolas do Tempo


Na ocupação (roubo) da Herdade da Torre Bela (Manique), um "camarada" tenta apropriar-se de uma enxada de um camponês. É para a "comprativa".





Não conheço o desfecho da história mas suspeito que alguém acabou por ficar sem a enxada e sem os 100 que ao fim de 2 minutos já eram só 50 velhinhos e saudosos escudos.


Uma pérola da nossa memória colectiva.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"que tudo façam para que se viva melhor na República."



Podíamos começar por aqui,não?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pontos de Vista



Todos sairam vencedores, ninguém saiu derrotado, todos estão satisfeitos e todos agradecem a confiança dos seus eleitores pois afinal não é assim tão fácil encontrar tamanho número de crentes plenos de tanta fé. Pontos de vista, será certo, não deixarão de estar correctos, cada um nada menos ou mais que o outro, daí que me permita, a mim próprio, fazer a minha própria análise segundo o meu ponto de vista que não será muito diferente, suponho eu, de 1.75% dos eleitores que votaram em branco somando no seu total 98.991 votos.
O primeiro aspecto que gostaria de salientar e passando o pleonasmo é o branqueamento do voto em branco ou a tentativa de o obscurecer nos confins do esquecimento. Não adormeci em frente ao televisor nem gravei para ver mais tarde as análises dos comentadores escolhidos a dedo mas, do que vi, não me recordo de qualquer referência ou análise mais reflectida sobre esta opção de voto e creio que esta seria pertinente. Senão vejamos, dos 16 partidos sujeitos a sufrágio nas eleições legislativas apenas cinco somaram mais votos que os eleitores do voto em branco, curiosamente os mesmos cinco partidos com assento parlamentar, os mesmo cinco partidos que constituem a base do sistema político vigente.
Dito de outra forma, o voto em branco conseguiu maior votação que 11 partidos nacionais e apenas foi superado pelas máquinas políticas e de propaganda do poder instalado.
Não vou retomar o tema ou procurar atribuir intenções à expressão do voto em branco. Já o fiz anteriormente, prefiro, em vez disso, felicitar também os eleitores, os 1.31%, os
74.273 votos nulos que demonstraram, desta forma, a sua inteligência ao fazer uso do seu direito de voto. Foram estes mais inteligentes que cerca de 40% dos eleitores inscritos que optaram por, pura e simplesmente, fazer figuras de urso.Isto, com o devido respeito para com todos aqueles que por motivos de doença ou outros perfeitamente justificados não puderam, simplesmente, exercer o seu direito de voto e com o devido respeito a todos os falecidos que continuam a fazer parte dos cadernos eleitorais.

http://legislativas2009.mj.pt/

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Leitor


Uma falha deste blog para um amante do cinema como o seu próprio autor é o facto de não ter ainda feito qualquer referência ao género. Não o fiz ainda não apenas por falta de oportunidade mas confesso mais por falta de um filme que me convencesse.
O Leitor, "The Reader", no seu título original foi um filme que me convenceu finalmente fazendo juz às cinco nomeações para Óscar. Basedo no romance O Leitor, de Bernhard Schlink, relançou algumas perturbantes questões sobre a II Guerra Mundial, o extermínio dos judeus pelos nazis e a memória colectiva da Alemanha. Isto no contexto de uma tragédia amorosa bem urdida que serve de linha guia ao filme.
Fica a minha sugestão para os apreciadores do romance e do histórico. A não perder e mais não digo.


Let's look at the traila!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cântigo Negro


"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!



José Régio

Pintura "O Grito" Edvard Munch

Campanha eleitoral


Começou ontem oficialmente o período de campanha eleitoral e mais uma vez o povo português vai ter de escolher de entre todos os candidatos e projectos aquele que lhe dê mais garantias. No entanto, será que as melhores propostas são as que estão a ser escortinadas ou será que existe alguma alternativa?
Alternativa a todo um sistema disfuncional em termos de gestão,influenciável e manipulável, desproporporcionado e não representativo?
Na minha opinião, a má gestão e o óbvio escandaloso das manipulações em prejuízo do país assumiram tal proporção que as as culpas vão muito além do partido ou do governo que pontualmente assuma o poder na lógica de intercalamento a que estamos destinados. Todo o sistema que o suporta tem de responder perante tais falhas.
É de consenso que o sistema parlamentar,de representatividade do eleitor, se tornou uma farsa, desde cabeças de lista dos círculos eleitorais estranhos aos círculos que os elegem quais verdadeiros cabeças de cartaz até ao seu próprio número,reconhecidamente excessivo à anos por uma larga maioria e ainda assim teimam em manter o seu número, afinal o seu próprio número ainda que condenem ao esquecimento os próprios círculos que os elegeram. A administração de empresas privada ou semi-privadas por parte de políticos com responsabilidades anteriores na área de influência da empresa continua a ser uma realidade bem como as impensáveis derrapagens orçamentais de obras públicas ou o próprio fim dos concursos públicos.
As promessas eleitorais estão já tão ridicularizadas a tal ponto que nem os próprios partidos que aspiram ao Governo sentem necessidade de as fazer e a própria noção de projecto de desenvolvimento sustentado do país está já tão descridibilizada que não há, com este sistema político, forma de o recuperar, a tal ponto que já nem o partido com maiores aspirações ao poder sente necessidade de o apresentar.
Para além de tudo isto, se pensarmos no estado calamitoso de um país assolado por assimetrias gigantescas, socio-económicas e geográficas, se pensarmos no descrédito justificado que é ser político hoje, pergunto eu, quem, no seu juízo perfeito, com perfil para essa responsabilidade e sem segundas intenções ou interesses terá a coragem de lhe tomar mão? Por algum motivo os rostos são sempre os mesmos.
Não será necessária a bomba atómica mas a alternativa está nas nossas mãos. Aliás, continua a estar porque apesar de tudo, o que faz com que este sistema sobreviva, irónicamente, é a nossa própria mão, o nosso próprio voto ou a falta dele. Somos nós que o legitimamos, nós que lhe damos vida, nós que tanto temos sofrido pelas nossas próprias escolhas.
É tempo, porque nunca é tarde para mudar, de dar um sinal muito claro a estes senhores, basta! Chega, exige-se mudança, exige-se responsabilidade e exige-se respeito.
Na opinião de muitos, o voto em branco não faz sentido porque não traduz uma escolha. Discordo, o voto em branco traduz a escolha da mudança, diz claramente que não nos representamos neste sistema, diz claramente ao status quo:as vossas opções não me satisfazem, não me esclarecem, não respondem às necessidades do país. O voto em branco exige mudança.
Para terminar, deixo apenas um apelo, que vão votar, senão em branco, que vão votar e que expressem a vossa opção na urna, não no café, depois de jantar com os amigos,no trabalho ou na fila do banco ou das finanças, aí será inconsequente tal como o sistema democrático que nos (des)governa. Para quem disse à um tempo atrás: quem não chora não mama, eu digo: quem não vota não chora!


PS Os frigorícos e demais electrodomésticos apenas serão entregues aos meus eleitores após o acto eleitoral e mediante fotocópia autenticada do boletim de voto.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Direito de Antena


Preto de luto encontra-se Portugal,políticamente morto, cumpre-nos o luto; não de preto mas de branco. Exerça o seu direito, cumpra a sua obrigação, seja intelectual e moralmente sério consigo mesmo, cobre o seu voto, exiga respeito e dignidade. Vote em branco.

Sal que não salga


Sal que não salga

Por Pe. Antônio Vieira

Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber.

Suposto, pois, que ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há e fazer a este sal e a esta terra?

O que se há e fazer ao sal que não salga, Cristo o disse logo: "Quod si sal evanuerit, in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras et conculcetur ab hominibus". Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o que se lhe há e fazer, é lançá-lo fora como inútil para que seja pisado de todos.


Assim como não há quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a cabeça que o pregador que ensina e faz o que deve, assim é merecedor de todo o desprezo e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra ou com a vida prega o contrário.

Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga.

Está na altura de abrir mão. O Verão acabou e o mar começa a perder o seu encanto. Aliás, ou o o mar começa a perder o seu encanto ou os meus olhos começam a perder o encanto pelo mar. É do mar o que gosto mais no Verão mas será esta falta de encanto resultado da violação de espaço de um de nós? Mais do que uma longa extensão de água salgada ligada a um oceano, qual vida ligada à nossa existência, ele reflecte mais que o Sol, reflecte o nosso próprio ânimo em determinados momentos da vida. As marés que lhe proporcionam a vida, com altos e baixos são isso mesmo, meras pegadas na caminhada do nosso percurso, já as marés vivas são uma espécie de aviso ao nosso espírito para que nos recordemos que estamos longe de controlar tudo, a areia foge-nos constantemente debaixo dos pés e quem nunca foi enrolado por uma onda?
É altura de darmos espaço um ao outro para que, para o ano, o encanto regresse, o frio e a chuva para isso vão ajudar concerteza.A distância é apenas um pormenor, pode ser que nos vejamos entretanto.

domingo, 30 de agosto de 2009

Man vs Wild Portuguese version


A versão portuguesa, finalmente.O protagonista não necessita de apresentações, habituado a sobreviver nos ambientes mais adversos e rodeado de predadores de todo o tipo, Zé Povinho,procura, também ele, sobreviver até que consiga ser resgatado da sua miséria e possa chegar à tranquilidade de sua casa antes que o banco a penhore.
Segue, em primeira mão,a grelha dos primeiros cinco episódios da 1ª Série:

Episódio 1
Justiça para todos

Zé Povinho irá saltar de um helicopetro no Campus de Justiça onde aí, munido apenas do cartão de cidadão, terá que conseguir apresentar queixa e conseguir que outros dois protagonistas (dois emigrantes ilegais, toxicodependentes,pedófilos de antecedentes criminais com penas cumpridas e águias de ouro do SLB também)sejam condenados a penas efectivas;isto, após estes o terem agredido com duas barras de ferro perante doze juízes desembargadores, sete freiras e três escuteiros como testemunhas. Conseguirá Zé Povinho obter justiça e sobreviver neste ambiente tão adverso?

Episódio 2
Na Escola

Zé Povinho irá desafiar o ambiente hostil e perigoso de uma escola portuguesa. Lançado em rappel no páteo de uma escola na Amadora, ele terá de ser capaz de aguentar até ao toque de feriado sem ser insultado, ameaçado e chegar ao fim do programa com os seus ténis de marca calçados. Estará Zé Povinho à altura de tamanho desafio? Conseguirá ele, desta vez, chegar a casa?

Episódio 3
Aéreos

Com o vencimento médio de um trabalhador por conta de outrém, Zé Povinho terá que chegar ao fim do mês com o saldo positivo depois de pagar a renda da casa, conta de electricidade, conta de água, conta de telefone, conta de internet para o Magalhães, conta do colégio dos miúdos, pagar combustível para o automóvel,pagar as portagens, o selo, a inspecção periódica e o imposto de circulação e ainda comer.
Zé será lançado de páraquedas sobre o local onde se vislumbre um posto de trabalho.

Obs: (Neste episódio em particular terá que ser alocado um avião tanque para reabastecer o avião no ar, o local de aterragem poderá ser difícil de encontrar e o tempo de vôo um pouquinho superior ao expectável)

Episódio 4
Na Selva

Zé Povinho será largado em salto livre directamente sobre a assembleia da república. Sem antes passar por qualquer J, sem lobbies, sem sacos azuis, sem padrinhos e compadrios, terá que fazer uso da sua seriedade, valor, espírito de sacríficio e profissionalismo. Estas serão as suas armas mas serão elas suficientes para sobreviver à selva e chegar são e salvo a casa?

Episódio 5
[em rodagem]

NOTA DE IMPRENSA

Por motivos alheios a esta realização a rodagem do 5º episódio está cancelada.O protagonista da série abandonou as gravações sem apresentar qualquer justificação. Após insistência junto de familiares e amigos do mesmo conseguimos apurar que Zé Povinho decidiu dar novo rumo à sua vida. Decidiu aceitar um convite para presidente do conselho de administração de uma EPE cujo nome se mantém incógnito. Foi pela última vez visto na companhia de seu primo Zé do Telhado, taxista na Suíça quando este conduzia o seu Ferrari.

Bem vindo a casa Zé, mais uma vez são e salvo.

PS Qualquer nexo de causalidade entre este acontecimento e a rodagem do 5º episódio da série é da pura responsabilidade do leitor deste blog.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Man vs Wild


Acabei de comprar na Fnac da Internet todas as seasons de uma das minhas séries televisivas favoritas: Man vs Wild. É uma série sobre sobrevivência nos mais inóspitos locais do planeta em que um homem, Bear Grylls, ex-soldado das forças especiais tem que fazer uso do seu engenho e das suas técnicas de sobrevivência para conseguir chegar à civilização e ser supostamente salvo.
Cada local representa um desafio mas cada obstáculo acaba por constituir apenas mais uma oportunidade para Bear Grylls fazer uso do seu instinto e do seu engenho, desde urinar para a sua camisola rasgada a fazer de turbante para não fritar os miolos no meio deserto, a ter que se enfiar dentro de um animal potrefacto para sobreviver a uma tempestade de areia são apenas algumas das muitas técnicas de sobrevivência.Parece que está já a ser programada a versão portuguesa mas com outro protagonista, este e o alinhamento dos episódios da primeira série está prestes a ser tornado público, estou ansioso!

Sagres ou Super Bock?


A nossa sede de futebol começa finalmente a ser saciada, começou mais uma corrida à conquista do Caneco. Esta época promete, já que pode, pela primeira vez, desequilibrar a balança de troféus conquistados por um clube de futebol em Portugal e pode, eventualmente, matar uma longa sede a muito boa gente, aos amantes da Sagres em particular. Para outros, porque há prazeres que nunca são demais repetir e com este calor, nada melhor do que saborear com toda a tranquilidade e calma de campeão uma Super Bock fresquinha quer se peça um fino ou uma imperial.
Para além desta curiosidade de sponsors dos principais candidatos ao título outras há já dignas de registo, o Hulk já perdeu a compostura, foi expulso mas consta que não rasgou a camisola, Jesus começou já a moer o pai por causa do futebol "pai porque me abandonaste?" Só espero que à conta disso não se esqueça dos outros milagres que tem de fazer, a época é longa. Só para chatear a águia, arranjámos um Falcão que já dá bicadas na águia e vai uma!
Mas nem tudo são curiosidades, os deja vus são já também alguns, a equipa do Paulo Bento continua a jogar mal como tudo e com toda a tranquilidade, começaram já também a oferecer penalties ao Benfica porque sessenta mil crentes não podiam sair da catedral com a chama da vela apagada e a comunicação social continua (im)parcial como sempre.
Enfim, temos de tudo para, na companhia de uma Sagres ou Super Bock, discutir, gritar, chamar nomes ao árbitro e demais família, vestir a camisola e, com os amigos, passar uns bons bocados.
Ah,é verdade,eu prefiro a Sagres. Até os bebemos carago!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

«Façam o favor de ser felizes»

A vida dá-nos lições todos os dias. Como nos bancos da escola, as lições que vamos recordar um dia mais tarde foram as mais difíceis, as que mais nos doeram e os professores, de entre todos, apenas os mais duros.Só mais tarde, bem mais tarde, o entendemos.
No entanto, existem também outros professores que nos ensinam de forma diferente e não menos dura é a lição,através do humor, mas raros são, em ambos os casos,os que o conseguem fazer e ao mesmo tempo viver aquilo que ensinam. Raul Solnado não se limitou a ensinar, vivenciou a sua própria doutrina que ele próprio resumiu a um "Façam o favor de ser felizes". Com a maturidade que a vida o brindou assumiu que teve uma vida difícil, cheia de momentos complicados mas que no fim a não trocaria por nenhuma outra e que, sem esses mesmos momentos difíceis, talvez, a vida, no final, não lhe fosse tão saborosa, tão plena de realização e de satisfação pessoal.
Mais do que ninguém, creio que ele compreendeu que para ser feliz não é necessário passar a vida a rir, para isso temos os tolos e para sorrir é necessário entendimento e sabedoria. Mais do que ninguém, compreendeu que, apesar das contrariedades, quando os nossos sentimentos são sinceros e temos, para nós, a nossa paz de espírito, apesar das derrotas vale sempre a pena ir à luta por aquilo em que acreditamos. Mais do que ninguém compreendeu que as derrotas são parte da vida, se assim não fosse quem celebrava as vitórias?
Compreendeu também que haverá sempre pessoas tristes mas que até esses deveriam ser felizes, que há situações que não conseguimos mudar apesar da sua justiça ou falta dela, que a nossa paciência é posta à prova sempre mais uma vez que a medida justa ou que a felicidade, para muitos, está já e sempre à espreita mas na próxima esquina apenas.
Esta foi a sua verdadeira "Guerra" e creio ser este o seu melhor relato.



Raul Solnado
1929 até que haja memória

terça-feira, 28 de julho de 2009

Músicas do Mundo


Terminou, este fim-de-semana, mais um Festival Músicas do Mundo de Sines.Para mim, mais do que uma descoberta por terras de Vasco da Gama, tornou-se uma experiência a repetir. Foi uma agradável surpresa a mistura de expressões musicais e de gentes com o Castelo de Sines e a baía da praia Vasco da Gama como pano de fundo.
O cariz tradicional e a originalidade das músicas de várias culturas e países são marca do festival.
No entanto, fiquei surpreendido acima de tudo, com a presença, em grande número, de uma série de indivíduos com enormes cabeleiras entrançadas, com trajes, suponho, também muito característicos e com uma noção de higiene pessoal muito duvidosa, sentia-se no ar. São os chamados Rastas. Já tinha conhecimento da sua existência mas estava completamente distraído quanto ao número deles que para aí anda, literalmente. Isto a tal ponto que fiquei curioso sobre a sua "cultura" e originalidade, ou falta dela e após uma rápida visita à wikipédia, descobri alguns factos interessantes sobres este movimento.
Parece, então, que este movimento, o movimento rastafári, tem, de facto, na sua génese uma religião que propaga a paz. Uma religião de origem Africana, com raízes ligadas à Etiópia e à Jamaica, que faz o apelo às origens do seu povo, à sua etnicidade e à própria natureza, aí buscam a sua paz de espírito, longe da nossa suposta vida artificial, fazem uso sacramentado de drogas e não comem carne para não magoar os nossos amigos animais.
Ora, pelo que pude observar, a noção de religião já lá vai mas o uso sacramentado de drogas ficou, a busca de paz interior foi substituída pela resignação e pela negação da própria vida ao negarem, para si, um projecto de realização pessoal ou qualquer projecto que vise melhorar a sociedade na qual, queiram ou não, estão inseridos.
Bem vistas as coisas não resta mesmo mais que um grupo de seres humanos sem a mínima aspiração a nada ou projecto pessoal ou de sociedade. Se isso falta, o que será que resta?
A titulo de curiosidade, alguém sabe onde anda esta gente durante todo o dia e o que fazem? Eu não sei, nem imagino ou talvez não:

Chefe: Sr.Zé Rasta, o Sr. hoje chegou atrasado 10 minutos; o que lhe aconteceu? Não tem relógio?
Sr. Zé Rasta: Relógio, o que é isso man?

Chefe: Sr.Zé Rasta, eu sou seu superior, o Sr. tem de me respeitar
Zé Rasta:Man, somos todos iguais bacano, sem stress

Chefe:Sr.Zé Rasta,a sua caixa no final do dia estava vazia, o que se passou?
Zé Rasta: Na boa, o pessoal trazia os carrinhos cheios de compras, estavam todos em fila para sair e ainda queriam pagar, eram só quase morfes, está-se bem, o pessoal já bazou todo.

domingo, 19 de julho de 2009

Cuba




Sempre disse e repito, tenho que visitar Cuba mas, mais uma vez, vou ter que adiar. Ainda gostaria de conhecer a sua realidade com e apesar de Castro. Há, concerteza, muita nostalgia no ar, ruínas de antigos explendores mas cima de tudo muita ânsia e necessidade de progresso mas acima de tudo de Liberdade. Ouvi dizer que as bananas de lá são muito boas também.

Grande Alberto João


Neste país do mais ou menos e do assim assim o Alberto João é uma daquelas figuras que tem o dom de despertar tamanhos ódios quanto admiração,é uma lufada de ar fresco qual vendaval que nos entra casa dentro nos telejornais com as suas autênticas bombas anti políticamente correcto quando temos a sorte de não roçar a brejeiragem.
Pessoalmente, não admiro nem o seu estilo nem a sua política mas que faz falta, faz. Desta vez, no entanto, não é que tenho de dar razão ao homem? Fico estupefacto quando o vejo, logo a ele, a lutar pela igualdade de tratamento e de circunstâncias de partidos políticos e de ideais que não o dele. Atónito, mas a pura da verdade é que tem toda a razão e coragem, muita coragem.
Desta vez, teve o simples discorrer de chamar a nossa atenção para o facto de que o Comunismo enquanto ideal político tem tanto de democrático quanto o Fascismo, nem mais nem menos. No entanto, um é legalizado enquanto o outro é ilegal. Ambos partilham o ideal totalitário e ambos são aversos à Democracia, logo, por que motivo não têm tratamento idêntico aos olhos da constituição?
Neste país de oportunistas e de moralidade mistificadas, a justificação para um ser legal e o outro ilegal é que os Comunistas lutaram pela liberdade contra os Fascistas, os fascistas perderam e estão a cumprir um tempito de castigo no banco de suplentes. Ora, será então, conveniente esclarecer alguns pontos.
Em primeiro lugar, nem em Portugal, nem em nenhum outro país do mundo, os Comunistas lutaram pela Liberdade. Os Comunistas lutaram contra vários regimes para os fazer cair e para instaurar a sua ditadura, regimes Comunistas e jamais regimes Democráticos. Em Portugal, devido, em primeiro lugar, à vontade do povo, demonstrada como ficou no célebre episódio da Fonte Luminosa, não conseguiram anular a Revolução do 25 de Abril e nunca conseguiram, para sua infelicidade, instaurar a sua ditadura.
Quanto a Fascismo em Portugal, nunca existiu. A ditadura foi um facto da nossa história, duro, penoso, que deixou marcas profundas mas que não é considerado por ninguém um regime fascista.
Para concluir, se a minha Constituição permite a existência perfeitamente legalizada de um partido comunista, por que motivo é que a mesma Constiuição proíbe a existência e persegue os partidos de extrema direita? Não haverá aqui dois pesos e duas medidas?
Uma das explicações para esta discriminação é que os partidos de extrema direita aparecem, muitas vezes, associados a outras organizações violentas mas as FP 25 de Abril não foram exactamente um grupo de acólitos para ajudar na missa e o PC nunca foi ilegalizado.
Longe de defender quaiquer ideais violentos, xenófabos ou racistas creio que uma das virtudes, das poucas restantes, do regime democrático é que seja capaz de ouvir a todos e respeitar todas as organizações políticas que, com seriedade e respeito para com os outros partidos, apontem para novos rumos políticos, ainda que diferentes, numa época em que deles estamos tão necessitados.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Acreditar


Há minutos que valem por dias. Hoje foi um desses dias em que, por minutos, abandonamos a capa do nosso ser social, a pequenez da nossa rotina e pensamos um pouco sobre o que realmente dá sentido aos nossos dias, à nossa vida. Mais longos são esses minutos quando a pessoa com quem falamos é uma pessoa boa, lutadora como poucos e amiga que não tem tido da vida a retribuição que merece, aparentemente.
"Gostava de acreditar" disse-me, num daqueles momentos em que pomos os nossos deveres e haveres no prato da balança da vida que lhe tem sido bastante devedora, aparentemente.
Na minha opinião, acredito que a vida é um dom que nos é dado, uma tela em branco que vamos preenchendo com pinceladas da côr que escolhemos, com as formas que decidimos traçar. No entanto, nem todos temos a chamada veia artística e por isso o resultado final nem sempre é uma obra de arte e, para além disso, temos que pintar a tela com a palete de cores disponíveis e com pincéis, mais ou menos afiados pelas maldades da sorte ou do azar.
A nossa fé, as nossas convicções, ideais e princípios de vida, a rectidão do traçado que desenhamos são tremidos pelos abanões da vida. A perda de ente queridos, a doença, a maldade, a mentira, a falsidade, o cinismo são borrões que nos aparecem na tela, que nos fazem questionar o porquê de tudo isto, o porquê de tanto sofrimento, de tanta dôr quando pura e simplesmente não o merecemos. Daí acabarmos por questionar o próprio sentido da vida.
Nesses momentos, acredito que, para vermos o quadro na sua totalidade, nos devemos afastar para procurar ver as coisas de uma perspectiva mais distante para perceber o quadro maior e tudo aquilo de bom que há nele. É nesse momento e dessa distância que vemos aquilo que é verdadeiramente importante, o que temos de bom na nossa vida e a que temos de dar valor. É aí que nos apercebemos que ainda que o prato mais pesado não seja o das alegrias,estas, valem mais que mil acidentes de percurso.
A tela que desenhámos em vida há-de ficar cá por muito mais tempo que nós, há-de deixar memórias, suscitar sorrisos, lágrimas de choro ou alegria em todos aqueles com quem privámos e que acabaram por nos inspirar na sua criação.
Quanto a nós, eternos pintores de telas em branco que vamos apurando o nosso traçado pela mão da experiência e das aprendizagens de vida, iremos criar novas telas algures mas, para já, vamos, então, apurar os pormenores da tela que pintamos agora para não repetirmos os mesmos borrões na próxima. Eu acredito.

terça-feira, 7 de julho de 2009


Gosto de surpresas, boas surpresas, atenção. No entanto,há momentos para tudo, mesmo para as más surpresas.Mais do que isso, há mesmo momentos sagrados, momentos em que nada devia de correr mal por nenhum motivo.
Mais do que surpresas, no entanto, gosto de tudo o que é tradicional, excepção feita a uma sova com um pau de marmeleiro. Tenho pena que, pela evolução dos tempos, as velhas capelinhas vão encerrando as portas, os balcões de mármore vão dando lugar ao inox e ainda prefiro os talheres com cabo de madeira. Tenho pena que tudo o que é bom acabe.
Se há momento em que nada deve correr mal é quando se abre uma garrafa de vinho e se há sítio onde não se esperam surpresas é dentro de uma garrafa de vinho. Que o vinho esteja passado ou que possa ter um toque a rolha é uma daquelas situações, são o preço a pagar por tudo o que é bom mas que não é imune ao erro ou às forças da natureza que lhe dá a própria vida.
O pior acontece quando em vez de uma rolha de cortiça, um produto milenar, dos melhores produtos nacionais com maior retorno económico, que se torna corpo do próprio vinho, se encontre uma coisa.O vinho rosé roça o topo da minha tolerância nesta matéria.E o sobreiro já alguém lhe perguntou a opinião?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um dia...


Para Cristiano Ronaldo hoje foi um dia que não irá esquecer, foi um sonho tornado realidade. Um sonho de um menino de uma família pobre mas que sempre o apoiou e incentivou;um sonho de um menino que, aos catorze anos, deixou o seu pequeno mundo, a sua mãe e o seu pai, para correr atrás da sua sorte. Um sonho de um menino que chorava de noite porque tinha saudades dos pais que estavam longe mas tão perto se ele ao menos desistisse do sonho.Um sonho de um menino que, ao invés dos colegas que, depois do treino, iam para o banho, ficava no campo a treinar mais, a melhorar mais, a correr atrás do seu sonho.Um sonho de um menino que nunca ouviu a quem punha em causa o seu valor, o seu sonho.
Para além dos números envolvidos; noventa e quatro milhões de euros de tranferência, oitenta mil pessoas na apresentação,o vencimento galáctico ou o nove da sua camisola,queria aqui apenas salientar o sonho, um sonho tornado realidade.
Um sonho que nasceu num menino que teve a sorte de ter o dom mas que teve a força, como poucos, de lutar por ele. Em alguns casos, na maioria dos casos, no entanto, isso não será suficiente, muitos sonhos nunca serão concretizados.Nunca irão passar disso mesmo, sonhos não concretizados,mas o que é importante é que nunca, mas nunca, desistamos deles porque são eles que nos fazem correr, aguentar as dores dos treinos forçados a que somos sujeitos todos os dias. São eles que nos fazem seguir em frente mesmo quando nos fartamos de rematar à baliza e a bola parece não querer entrar de maneira nenhuma. Às vezes podemos ser injustamente apanhados em falsos foras-de-jogo ou podemos sofrer golos com a mão do destino mas a vida,essa,como o desporto, deve ser levada com fair-play e devemos saber aceitar que a sorte do nosso campeonato depende de muito mais do que uma jornada infeliz e os sonhos, esses, são o que deve ficar mesmo depois do apito final do árbitro, são eles que nos fazem correr.

sábado, 4 de julho de 2009

Era uma vez


Era uma vez um burro que vivia num monte em pleno Alentejo profundo. Certo dia, o dono do monte quando andava a dar de comer aos animais deu por falta do burro. Procurou,procurou e nada! Mas onde me anda enfiado o raio do burro? Cansado e cheio de calor de tanto procurar, foi buscar um balde de água fresca ao poço quase seco para se refrescar e, para seu espanto, lá estava o burro aflito a dar às patas e a zurrar já cansado. O dono, sozinho, a ver o animal aflito, no poço tão fundo como quase de seco que estava, sem lhe poder chegar, já metia as mãos à cabeça de tanto desespero. Ficas já aqui, não te posso fazer mais nada, pensou ele. Foi buscar uma pá ao barracão e vá de lhe atirar pazadas de terra para cima. O burro, quando percebeu as reais intenções do seu dono, reganhou forças e começou a zurrar ainda mais alto a pedir socorro.
Passado algum tempo e depois de ter levado muitas, demasiadas, pazadas de terra no lombo, o burro começou a sacudir a terra do pêlo e começou a pisar a terra que caía no fundo do poço e começou a subir.Com o poço tapado com a terra que o dono lhe atirou para cima, o burro conseguiu sair do enorme buraco onde estava enfiado.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

DesNorte


Confesso, quando o ânimo nos falta,torna-se difícil, por vezes, não perder o Norte. Estava eu convencido de que este ano seria fértil em eleições, três eleições num ano; mais não seria possível mas equivoquei-me afinal, são quatro e não apenas três. A avaliar pela atenção que lhes é dirigida pela comunicação social não sei mesmo qual das eleitas será mesmo a mais importante.
Com uma eleição já decorrida e com outra a decorrer creio ser já possível fazer mesmo algumas comparações, mais que não seja, entre ambas.
Na que já decorreu, os candidatos foram eleitos entre os supostamente melhores de entre os seus pares; todos os que reuniram condições, propuseram-se a votos e, segundo o seu valor ou dom oratório, assim foram eleitos, ou não. Na eleição que está a decorrer só existe um candidato com esse nome, excluiu qualquer sombra de oposição e sabe de antemão que apenas ele poderá ser eleito.
Na eleição que decorreu os candidatos apresentaram o seu projecto e têm a possibilidade de o executar e de demonstrar o seu mérito ou falta dele e algum valor. Na eleição que está a decorrer o projecto executado foi comprovadamente um completo fracasso mas apesar disso não se assume a incompetência e o erro;em vez disso, fabricam-se desculpas de mau perdedor e inventam-se culpados.
Na eleição que decorreu, o sistema democrático, para nosso bem ou mal,funcionou o que deixou satisfeito o eleitor que foi, ou não, votar. Na que está a decorrer houve um golpe de estado para que um candidato pudesse apresentar a sua estratégia eleitoral.
Ainda em termos de comunicação social, ambas têm tido um tratamento, em termos de tempo de antena, muito especial, facto que não seria de estranhar não estivéssemos nós a falar de realidades completamente distintas: a de uma nação e a de um clube de futebol que aspira a ser uma nação.
Curioso, no entanto, não deixa de ser o facto de num estado democrático como o nosso, com um historial já longo de processos eleitorais, não haja ninguém, à excepção apenas e só de um tribunal,que consiga vislumbrar os atropelos à normalidade do processo eleitoral e o verdadeiro assalto ao poder de uma instituição que muitos identificam como A maior instituição deste país.
Se este alheamento para muitos é normal porque não estão atentos ao fenómeno ou porque a outros até lhes convém porque torcem por outras cores;para aqueles que estão a ser violentados, o seu silêncio tem tão de intrigante como de assustador. Já o seu desNorte, pelo contrário, é uma questão perfeitamente tranquila em função da falta de ânimo que tanta derrota inevitavelmente acarreta. Se o caminho se faz caminhando, para encontrar o seu Norte e tudo de bom que ele augura então talvez fosse de bom tom dar o primeiro passo nessa direcção mesmo que este signifique dar a real boot a quem o merece.
Quanto a mim o resultado das primeiras eleições só pecou pelo reduzido número de votos em branco. Quanto ao resultado da próxima eleição que se adivinha, aproveito já para desejar as maiores felicidades ao vencedor e que Deus o mantenha por muitos e bons anos, no mínimo e no máximo, com resultados iguais àqueles que já alcançou e que provou ser verdadeiramente merecedor.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Mudança


A mudança respira-se hoje no ar em termos de política nacional, existem sinais por demais evidentes,sinais que observamos nas atitudes dos próprios agentes do fim de ciclo, atitudes de verdadeiro pânico.
De repente, descobrimos um primeiro ministro que já nem sabe quem é a Manuela Moura Guedes ou que exista sequer um quarto canal de televisão; descobrimos um novo primeiro ministro pleno de humildade;uma ministra da educação que até assume o ridículo do sistema de avaliação de professores e que deixa em aberto futuras alterações, logo a seguir às eleições e descobrimos um ministro de finanças que, também ele, crente no regresso de D. Sebastião, prevê o seu regresso montado não no cavalo branco mas numa retoma económica que vem já aí à esquina, logo a seguir às eleições.
Os resultados das eleições europeias consubstanciaram o sentimento de mau estar, o desgaste, a degradação de confiança no governo, ou nos últimos governos, se atendermos ao facto de terem sido todos da mesma cor nos últimos anos.
Em função disso, daqui a escassos meses, estaremos com novos protagonistas, novas cores, novo ânimo. A questão, no entanto, é esta: será que apesar disso existirá alguma mudança de fundo, uma verdadeira mudança?
À imagem do pressuposto desta questão, afirmo que não. A mudança não irá além de uma mudança de protagonistas e de cores e o ânimo, esse, será curto.
As mudanças pressupõem duas condições: ter vontade para o fazer e ter meios para o conseguir.
Quanto a ter vontade para o fazer, é bom que se entenda que ela recai apenas em quem vota e não em quem é eleito no compadrio actual, que, por sinal, é quem tem meios para o conseguir. Portanto, quem o irá fazer? Quando o irá fazer e será qua este país se aguenta até lá?
Quem o deveria querer e pode fazer, de facto, sem depender de grandes favores é fruto da mesma árvore que o fez florir, logo também ele não o irá fazer.
As causas deste estado calamitoso serão complexas e muitos os culpados, sobre causas e protagonistas poder-se-ão escrever teses e desenvolver teorias mas soluções,estas, terão que ser o seu oposto em simplicidade, objectividade e inflexibilidade, tal a sua urgência ainda que se contradigam e faça tábua rasa(e não rosa)de supostos direitos adquiridos e falsas democracidades. A verdadeira democracia, essa, começou a definhar a partir do momento em que o capital deixou de prestar contas. Os resultados estão à vista.
As eleições que se avizinham e a esperança que encerram para os portugueses estão mortas à nascença. Mortas porque o sistema é o mesmo, os vícios, as redes de interesse são as mesmas, não foram rompidos os laços de dependência, de interesses e de corrupção escandalosos.O baloiço do poder que coloca o partido vencedor no topo necessita obrigatoriamente do partido que o faz subir, alimenta-se do próprio sistema que o sustenta.
A crise económica é mundial, arrasa economias à escala global, mesmo as mais fortes e supostamente desenvolvidas e não se detém em fronteiras imaginárias. Não nos iludamos, ela é,de facto, uma realidade que não podemos contornar, uma realidade que nos afecta fortemente, tanto mais forte quanto mais debilitados estivermos internamente. Mas está longe de ser esta a causa dos nossos males e estes temos nós que resolver.
Para que haja uma verdadeira mudança, uma mudança que faça a diferença, não basta que o desejemos, temos que ter os meios para o conseguir. Se não os temos, há que os conseguir, assim haja quem esteja disposto a fazê-lo novamente.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O jardim das borboletas


Com o tempo você vai percebendo que
para ser feliz com outra pessoa,
você precisa em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquela pessoa que você ama
ou acha que ama, e que não quer nada com você,
definitivamente, não é a pessoa da sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e,
principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas...
é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar,
não quem você estava procurando,
mas quem estava procurando por você..!


Mário Quintana adapt

terça-feira, 23 de junho de 2009


Nasceste no lar que precisavas,
Vestiste o corpo físico que merecias,
Moras onde melhor Deus te proporcionou,
De acordo com teu adiantamento.
Possuis os recursos financeiros coerentes
Com as tuas necessidades, nem mais,
nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Teu ambiente de trabalho é o que elegeste
espontaneamente para a tua realização.
Teus parentes, amigos são as almas que atraíste,
com tua própria afinidade.
Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.
Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais,
buscas, expulsas, modificas tudo aquilo
que te rodeia a existência.
Teus pensamentos e vontade são a chave de teus atos e atitudes....
São as fontes de atração e repulsão na tua jornada vivência.
Não reclames nem te faças de vítima.
Antes de tudo, analisa e observa.
A mudança está em tuas mãos.
Reprograma tua meta,
Busca o bem e viverás melhor.

Embora ninguém possa voltar atrás e
fazer um novo começo,
Qualquer Um pode Começar agora e fazer um Novo Fim.

Chico Xavier


TEMPU

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Grande JJ



"Dos 62 treinadores da história do clube, só três portugueses foram campeões: Fernando Cabrita, Mário Wilson e Toni. Só três portugueses ganharam o título, mas só 17 treinadores foram campeões. Vou ser o 18º". Vieira e Rui Costa sorriram.

Ai sim? Sorriram porquê?

Ai Jesus




Depois da virgem Maria a presidente que quer renovar votos, depois de Jesus para os guiar no caminho do título, porque não trocar o símbolo e passar da águia para a pomba branca, é que assim juntavam o Espírito Santo aos reforços para a próxima época, hum, hum?

Melhor que o Euromilhões


Hoje foi, para mim,uma manhã diferente, passada não no Hospital, não no do costume mas num outro,na sala de pequena cirurgia. Nada de grave, limar arestas, por assim dizer, mas que me obriga a uns dias de repouso, fora da rotina. Para matar o tempo, nada melhor do que pôr a escrita em dia, portanto cá vai disto.
Ao passar a vista pelos diários da nossa praça, suscitou-me a atenção uma notícia. Uma notícia sobre um transplante renal a um paciente que teve conhecimento da sua enfermidade num 14 de Maio, data do meu aniversário.Fiquei chocado, no entanto, para além do lastimável facto,com uma outra situação, uma lei, área em que os portugeses são pródigos a fazer, não em cumprir. Antes de Junho de 2007 a doação só era possível quando entre dador e receptor houvesse um nível de parentesco até ao 3º grau, logo, a dadora do rim, neste caso, a sua esposa, estava proíbida de o poder fazer, o que causou, só, uma espera de anos.Pasme-se, até nas nossas entranhas o Estado tinha que meter a mão,literalmente.
No entanto, o que queria salientar com esta notícia, não é o delírio do estado, felizmente já ultrapassado, mas sim o rim. Segundo as próprias palavras do Dr.Alfredo Mota 'um rim não é um direito. É um privilégio, um totoloto, um euromilhões, e um presente muito especial de que é preciso cuidar muitíssimo bem'.
Concordo em pleno, o rim para aquele paciente foi melhor do que mil euromilhões mas melhor ainda foi a sorte que teve na vida ao ter ao seu lado uma mulher que lhe deu uma parte de si para que esta se transformasse em parte de ambos.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Definitivo


Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido juntos e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque o nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão boa, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...


Carlos Drummond de Andrade


Será mesmo?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Está cheio?


De conversa com um amigo que tive a oportunidade e o prazer de rever à dias, a certo momento e a propósito de bebermos mais uma imperial,ou não, uma discussão filosófica sempre pertinente,recordou-se o meu amigo, professor, também ele, de um episódio passado numa sala de aula com um colega nosso:
Numa aula de Física, o professor, com um jarro de vidro cheio de pedras grandes, pergunta aos seus alunos: está cheio o jarro? Os alunos, ainda que desconfiando do óbvio da questão, respondem que sim; sim, professor, está cheio. O professor acena com a cabeça,desloca-se à secretária, e, de um saco, retira um punhado de pedras mais pequenas e coloca-as no mesmo jarro. De seguida, pergunta, novamente, aos alunos: está cheio o jarro? Agora sim, professor, está cheio, não cabem mais pedras. Agora, não evitando mesmo um ar sarcástico, o professor, desloca-se, novamente, à secretária de onde retira uma mão cheia de areia que escorreu apressadamente entre as pedras. Mesma pergunta, mesma resposta, mesmo movimento do professor para, desta vez, verter uma lata de cerveja fresquinha, fresquinha (acto criminosoa a não repetir sff)sobre as pedras e a areia. Moral da história (não é erro, é para ser escrito mesmo assim) não estragar cerveja com experiências parvas e a não ser que vá conduzir a seguir a ler o post, há sempre espaço para mais uma cerveja.
Para mais uma cerveja e para aquilo que mais queremos da vida, sejam mais momentos de alegria com quem amamos, se tiverem a sorte de ser correspondidos, mais momentos de alegria com a família que escolhemos, os nossos amigos, se tivermos a sorte de os ter por perto e momentos com a família que não escolhemos, com que nascemos mesmo. Os nossos compromissos profissionais, os momentos de lazer e de retiro espiritual, todos eles, devem ter lugar na nossa vida, apenas temos que lhes atribuir a importância que devem ter, fazer deles pedras, a base da nossa vida, grãos de areia que nos preenchem, um pequeno grão de areia de alegria e esperança dentro de alguém é capaz de mudar e transformar muita coisa (dentro dos calções de banho na praia, então, ui!), ou apenas a cerveja que nos refresca. Todos eles têm lugar no jarro, apenas têm que ser colocados na ordem certa. Com um bocadinho de sorte ainda cresce um eucalipto!

PS: Moral da história II, afinal não houve espaço apenas para mais uma cerveja:

Teta que la cubre la mano
no es teta es grano
Teta que la mano no cubre
no es teta es ubre

Era assim não era?
Grande abraço,
Mestre!

sábado, 13 de junho de 2009

Reverência ao destino


Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 10 de junho de 2009

The road not taken


Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that, the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
two roads diverged in a wood, and I --
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.


Robert Frost

sábado, 6 de junho de 2009

If


If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you;
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too;
If you can wait and not be tired by waiting,
Or, being lied about, don't deal in lies,
Or, being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;
If you can dream - and not make dreams your master;
If you can think - and not make thoughts your aim;
If you can meet with triumph and disaster
And treat those two imposters just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to broken,
And stoop and build 'em up with worn out tools;
If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on";
If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings - nor lose the common touch;
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much;
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run -
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man my son!

Rudyard Kipling

domingo, 31 de maio de 2009

É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo(...)

Pablo Neruda

Anjos e demónios II


Ironia das ironias; aquando da escrita da primeira mensagem do dia, longe estava eu de pensar (não fora o simples esquecimento)que, algumas horas mais tarde, estaria na Sé de Évora,numa cerimónia longa para os não crentes e plena de significado e sentimento para os seus seguidores.
Foram crismados cento e seis irmãos e baptizadas duas irmãs numa cerimónia que encheu literalmente a Sé de Évora.
Perfilhando eu a religião do Homem que se sobrepõe a qualquer religião humana, e apesar disso,não posso deixar de vos transmitir a enorme paz de espírito que nos invade vinda não sei de onde daquelas paredes.
Será o fresco que amaina a brasa do tórrido calor alentejano que fazia lá fora? Não será isso com certeza.
Agora quanto ao verdadeiro motivo,essa será a questão que vos deixo porque para ela também não tenho resposta.
Limito-me apenas a constatar o seguinte facto: para além da igreja, que instituição, local ou breve momento de reflexão reservamos nós a nós próprios e ao caminho que percorremos todos os dias?
Que bocadinho dos nossos dias dispensamos de nós próprios a nós próprios, para olhar um pouco para o nosso lado?
A fronteira entre anjos e demónios mais do que traçada num acto renovado de crime e expiação do pecado deveria ser assente na nossa capacidade constante de nos observarmos a nós próprios e de sermos capazes de seguir uma velha máxima:não faças ao próximo aquilo que não queres que te façam a ti.
Anjos ou demónios? Há que recorrer ao juiz que traçou a linha mas será que temos de pagar também as custas do processo antecipadamente?

Anjos e Demónios


Não li ainda mas parece que temos, para quem é apreciador do género, uma continuação à altura do primeiro êxito literário agora também transposto no cinema.
Na contingência de viver numa capital de distrito sem uma sala de cinema digna desse nome o dilema de correr para a sala de cinema ou de ler primeiro o livro ficou à nascença resolvido.
Apesar disso e porque há males que vêem por bem, vou iniciar a leitura do livro em primeiro lugar com a certeza de esta ser a melhor escolha. Isto porque a riqueza de detalhe das formas, das personagens, das sensações e imagens que criamos vão sempre além daquilo que encontramos na tela de um cinema por muito bom que o filme seja.
Pelo contrário, algumas pessoas devem ser lidas como um filme, não como um livro porque pura e simplesmente não têm riqueza suficiente de conteúdo.Por muita vontade, por muita paixão ou por muito amor que tenhamos nessa busca não a iremos encontrar porque pura e simplesmente ela nunca existiu.


The End

domingo, 10 de maio de 2009

IV

O comboio da vida






Na vida, qual comboio em que embarcamos, partilhamos etapas, carruagens com algumas pessoas que se tornam companheiras de viagem. Algumas, estão mesmo pelo passeio, outras procuram algo, aquelas há também que nem sequer lá queriam estar mas têm que fazer o caminho. A algumas damos muito, quer queiramos ou não, da mesma forma que, a outras, não damos rigorosamente nada porque simplesmente as linhas não se tocavam e jamais irão passar de rostos na multidão. Daquelas a quem damos, algumas saem logo na primeira paragem, saem mas deixam sempre algo e o tempo em que nos acompanham nessa viagem não é proporcional à marca que nos deixam. O lugar para nos sentarmos a seu lado pode estar já ocupado ou pode existir sempre a vontade de continuar a sua viagem sozinhos ou sós. Apesar disso, nada impede que se aproveite a viagem, conhecer, partilhar, discutir, perdoar, chorar, sorrir e recordar mesmo em bancos separados.
Mais à frente novos passageiros irão entrar e sair mas no apeadeiro final a nossa bagagem deveria estar sempre mais preenchida com um bocadinho daqueles com quem partilhámos e seria bom se tivéssemos contribuído também para preencher a bagagem de alguém, só assim vale a pena a viagem.



(...) vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver.

Vinicius de Morais