domingo, 31 de maio de 2009

É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como
a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz
e sombra és.
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo(...)

Pablo Neruda

Anjos e demónios II


Ironia das ironias; aquando da escrita da primeira mensagem do dia, longe estava eu de pensar (não fora o simples esquecimento)que, algumas horas mais tarde, estaria na Sé de Évora,numa cerimónia longa para os não crentes e plena de significado e sentimento para os seus seguidores.
Foram crismados cento e seis irmãos e baptizadas duas irmãs numa cerimónia que encheu literalmente a Sé de Évora.
Perfilhando eu a religião do Homem que se sobrepõe a qualquer religião humana, e apesar disso,não posso deixar de vos transmitir a enorme paz de espírito que nos invade vinda não sei de onde daquelas paredes.
Será o fresco que amaina a brasa do tórrido calor alentejano que fazia lá fora? Não será isso com certeza.
Agora quanto ao verdadeiro motivo,essa será a questão que vos deixo porque para ela também não tenho resposta.
Limito-me apenas a constatar o seguinte facto: para além da igreja, que instituição, local ou breve momento de reflexão reservamos nós a nós próprios e ao caminho que percorremos todos os dias?
Que bocadinho dos nossos dias dispensamos de nós próprios a nós próprios, para olhar um pouco para o nosso lado?
A fronteira entre anjos e demónios mais do que traçada num acto renovado de crime e expiação do pecado deveria ser assente na nossa capacidade constante de nos observarmos a nós próprios e de sermos capazes de seguir uma velha máxima:não faças ao próximo aquilo que não queres que te façam a ti.
Anjos ou demónios? Há que recorrer ao juiz que traçou a linha mas será que temos de pagar também as custas do processo antecipadamente?

Anjos e Demónios


Não li ainda mas parece que temos, para quem é apreciador do género, uma continuação à altura do primeiro êxito literário agora também transposto no cinema.
Na contingência de viver numa capital de distrito sem uma sala de cinema digna desse nome o dilema de correr para a sala de cinema ou de ler primeiro o livro ficou à nascença resolvido.
Apesar disso e porque há males que vêem por bem, vou iniciar a leitura do livro em primeiro lugar com a certeza de esta ser a melhor escolha. Isto porque a riqueza de detalhe das formas, das personagens, das sensações e imagens que criamos vão sempre além daquilo que encontramos na tela de um cinema por muito bom que o filme seja.
Pelo contrário, algumas pessoas devem ser lidas como um filme, não como um livro porque pura e simplesmente não têm riqueza suficiente de conteúdo.Por muita vontade, por muita paixão ou por muito amor que tenhamos nessa busca não a iremos encontrar porque pura e simplesmente ela nunca existiu.


The End

domingo, 10 de maio de 2009

IV

O comboio da vida






Na vida, qual comboio em que embarcamos, partilhamos etapas, carruagens com algumas pessoas que se tornam companheiras de viagem. Algumas, estão mesmo pelo passeio, outras procuram algo, aquelas há também que nem sequer lá queriam estar mas têm que fazer o caminho. A algumas damos muito, quer queiramos ou não, da mesma forma que, a outras, não damos rigorosamente nada porque simplesmente as linhas não se tocavam e jamais irão passar de rostos na multidão. Daquelas a quem damos, algumas saem logo na primeira paragem, saem mas deixam sempre algo e o tempo em que nos acompanham nessa viagem não é proporcional à marca que nos deixam. O lugar para nos sentarmos a seu lado pode estar já ocupado ou pode existir sempre a vontade de continuar a sua viagem sozinhos ou sós. Apesar disso, nada impede que se aproveite a viagem, conhecer, partilhar, discutir, perdoar, chorar, sorrir e recordar mesmo em bancos separados.
Mais à frente novos passageiros irão entrar e sair mas no apeadeiro final a nossa bagagem deveria estar sempre mais preenchida com um bocadinho daqueles com quem partilhámos e seria bom se tivéssemos contribuído também para preencher a bagagem de alguém, só assim vale a pena a viagem.



(...) vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver.

Vinicius de Morais

Os Grandes Forjam-se na Adversidade


(...)Todo o ambiente é favorável ao forte; de um modo ou de outro ele o ajuda a cumprir a missão que se impôs e a conseguir ir porventura mais além das barreiras marcadas. A derrota deve mais atribuir-se à invalidez do impulso interior do que aos obstáculos que lhe ponham diante, mais à alma incapaz de se bater com vigor e tenazmente do que às resistências, às invejas e às dificuldades que o mundo possa levantar perante Hércules que luta.
O mal que se vê é aguilhão para o bem que se deseja; e quanto mais duro, quanto mais agressivo, se bate em peito de aço, tanto mais valioso auxiliar num caminho de progresso; o querer se apura, a visão do futuro nos surge mais intensa a cada golpe novo; o contentamento e a mansa quietude são estufa para homens; por aí se habituaram a ser escravos de outros homens, ou da cega Natureza; e eu quero a terra povoada de rijos corações que seguem os calmos pensamentos e a mais nada se curvam.

(...)Mais custa quebrar rochas do que escavar a terra; mais sólido, porém, o edifício que nela se firmou.
(...)
Quem ia a perturbar ficará perturbado, quem ia a matar ficará morto. Não é com os mesquinhos artifícios, nem com o desprezo, nem com a mentira, nem pelo cansaço, nem pela opressão, nem pela miséria que se vencem os que pensaram num futuro e, amorosamente, com cuidados de artista, continuamente, com firmeza de atleta, o vão erguendo pedra a pedra.


Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'

Parabéns FC do Porto



Correndo o risco de falhar o prognóstico, ainda assim, aí está o Tetra. E vão quatro a juntar a muitos outros conquistados, tetra e pentas. Não podem ser obra do acaso, reconheça-se. Conquistados contra muitos, gente pequena, que, julgando-se muitos e grandes; mais, os maiores, não conseguem ir além da pequenez de espírito e de inteligência. Deus os conserve. Contra uma comunicação social vergonhosamente tendenciosa, que falta constantemente à sua obrigação de imparcialidade e de respeito à verdade desportiva.
Mas não vamos dar importância a quem não a merece, celebremos uma gestão desportiva e empresarial sem paralelo em Portugal no âmbito desportivo profissional, infelizmente, pois a concorrência forte só fortaleceria, ainda mais, os vencedores. Festejemos o espírito de união, de equipa, de disciplina, de filosofia de clube, de escola, que trespassa de dentro do campo, da atitude dos seus jogadores até à figura do seu presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa.
Parabéns FC do Porto, parabéns portistas, parabéns a nós!

Travian


É um vício. Sem querer discutir filosofias sobre benefícios ou malefícios dos vícios, este é um vício bom e inofensivo para crianças e adultos. Trata-se de um jogo on-line, com jogadores reais, jogado em tempo real em que cada jogador tem que desenvolver a sua aldeia, uma de início, dezenas no final, com o objectivo de construir ou contribuir activamente para a construção de uma "Maravilha do Mundo" e de a desenvolver ao máximo defendendo-a dos seus inimigos. É um jogo grátis e não precisa de instalar qualquer software no seu computador.
De início, há que escolher a tribo com que inicia o jogo (teutões, romanos ou gauleses) e convém também definir estratégias pois o Travian é um jogo de estratégia puro. Existem recursos que têm de ser desenvolvidos e bem geridos, existem tropas pois o jogo é um jogo de guerra em que há que defender e atacar em nome da nossa própria sobrevivência no jogo.
Tal como na vida real, o homem não é uma ilha e não havendo ilhas no travian há que trabalhar em equipa, daí os jogadores criarem alianças para trabalhar, defender e atacar em conjunto, aqui a união também faz a força. Desenvolvem-se também amizades, pois o jogo decorre aproximadamente durante um ano e pouco, relembram-se valores como o companheirismo, a entreajuda e o valor do trabalho em equipa. Valores que, na vida real, estão fora de moda.
Portanto, fica o desafio, visite a página em www.travian.pt, aguarde o início de um Servidor, plataforma do jogo, para não partir em desvantagem, crie o seu nickname e vá à luta, não se irá concerteza arrepender da experiência.

sábado, 9 de maio de 2009

Sol



Todos o procuramos e como eu não fujo à regra e antecipando o seu ofuscamento decidi aproveitar aquela que seria a sua última aparição nos próximos dias com uma ida à praia na Sexta-feira, à ainda relativamente virgem costa alentejana. Assim, lá fui até Melides, um sítio com a sua beleza mas as obras e um areal em muito mau estado fizeram com que mal sujasse os pés de areia.
Segui para Sines , um local, dos poucos, onde se pode vislumbrar um pouco de desenvolvimento no Alentejo. Se bem que, enquanto alentejano genuíno, mantenha sérias reservas quanto à própria naturalidade e boa cepa de um alentejano que acorda e vê o mar! Não combina, é como o camarão e o vinho tinto, gosto dos dois mas...
Continuei viagem para o Carvalhal, agora com excelentes condições de estacionamento e o mesmo areal, a mesma praia de sonho. Desta vez, mais que sujar os pés na areia fui à água e para minha surpresa estava bem mais agradável que a famosa água algarvia que encontrei em Portimão a semana passada. Quanto ao Sol, esse, estava bastante tímido, escondido atrás de umas nuvens que preeenchiam todo o céu mas quando decidia aparecer era suficiente para aquecer corpo e espírito, o pior era ele querer.
Fiz um desvio aos já tradicionais caracóis que recomendo e segui direito a Grândola em demanda do santo Pastel de Nata. Não, não é verborreia e porque as palavras não se provam ainda, deixo-vos a dica: Pastelaria Favo de Mel em Grândola em frente à estação da rodoviária. Sim, já sei ,meia hora a mais na passadeira.
Com a caixinha de pastéis de nata regressei a casa num dia em que decidi sair à procura do Sol que não encontrei mas em que acabei por encontrar tanto que não procurei. Não é quase sempre assim?