sexta-feira, 26 de junho de 2009

Mudança


A mudança respira-se hoje no ar em termos de política nacional, existem sinais por demais evidentes,sinais que observamos nas atitudes dos próprios agentes do fim de ciclo, atitudes de verdadeiro pânico.
De repente, descobrimos um primeiro ministro que já nem sabe quem é a Manuela Moura Guedes ou que exista sequer um quarto canal de televisão; descobrimos um novo primeiro ministro pleno de humildade;uma ministra da educação que até assume o ridículo do sistema de avaliação de professores e que deixa em aberto futuras alterações, logo a seguir às eleições e descobrimos um ministro de finanças que, também ele, crente no regresso de D. Sebastião, prevê o seu regresso montado não no cavalo branco mas numa retoma económica que vem já aí à esquina, logo a seguir às eleições.
Os resultados das eleições europeias consubstanciaram o sentimento de mau estar, o desgaste, a degradação de confiança no governo, ou nos últimos governos, se atendermos ao facto de terem sido todos da mesma cor nos últimos anos.
Em função disso, daqui a escassos meses, estaremos com novos protagonistas, novas cores, novo ânimo. A questão, no entanto, é esta: será que apesar disso existirá alguma mudança de fundo, uma verdadeira mudança?
À imagem do pressuposto desta questão, afirmo que não. A mudança não irá além de uma mudança de protagonistas e de cores e o ânimo, esse, será curto.
As mudanças pressupõem duas condições: ter vontade para o fazer e ter meios para o conseguir.
Quanto a ter vontade para o fazer, é bom que se entenda que ela recai apenas em quem vota e não em quem é eleito no compadrio actual, que, por sinal, é quem tem meios para o conseguir. Portanto, quem o irá fazer? Quando o irá fazer e será qua este país se aguenta até lá?
Quem o deveria querer e pode fazer, de facto, sem depender de grandes favores é fruto da mesma árvore que o fez florir, logo também ele não o irá fazer.
As causas deste estado calamitoso serão complexas e muitos os culpados, sobre causas e protagonistas poder-se-ão escrever teses e desenvolver teorias mas soluções,estas, terão que ser o seu oposto em simplicidade, objectividade e inflexibilidade, tal a sua urgência ainda que se contradigam e faça tábua rasa(e não rosa)de supostos direitos adquiridos e falsas democracidades. A verdadeira democracia, essa, começou a definhar a partir do momento em que o capital deixou de prestar contas. Os resultados estão à vista.
As eleições que se avizinham e a esperança que encerram para os portugueses estão mortas à nascença. Mortas porque o sistema é o mesmo, os vícios, as redes de interesse são as mesmas, não foram rompidos os laços de dependência, de interesses e de corrupção escandalosos.O baloiço do poder que coloca o partido vencedor no topo necessita obrigatoriamente do partido que o faz subir, alimenta-se do próprio sistema que o sustenta.
A crise económica é mundial, arrasa economias à escala global, mesmo as mais fortes e supostamente desenvolvidas e não se detém em fronteiras imaginárias. Não nos iludamos, ela é,de facto, uma realidade que não podemos contornar, uma realidade que nos afecta fortemente, tanto mais forte quanto mais debilitados estivermos internamente. Mas está longe de ser esta a causa dos nossos males e estes temos nós que resolver.
Para que haja uma verdadeira mudança, uma mudança que faça a diferença, não basta que o desejemos, temos que ter os meios para o conseguir. Se não os temos, há que os conseguir, assim haja quem esteja disposto a fazê-lo novamente.

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