terça-feira, 28 de julho de 2009

Músicas do Mundo


Terminou, este fim-de-semana, mais um Festival Músicas do Mundo de Sines.Para mim, mais do que uma descoberta por terras de Vasco da Gama, tornou-se uma experiência a repetir. Foi uma agradável surpresa a mistura de expressões musicais e de gentes com o Castelo de Sines e a baía da praia Vasco da Gama como pano de fundo.
O cariz tradicional e a originalidade das músicas de várias culturas e países são marca do festival.
No entanto, fiquei surpreendido acima de tudo, com a presença, em grande número, de uma série de indivíduos com enormes cabeleiras entrançadas, com trajes, suponho, também muito característicos e com uma noção de higiene pessoal muito duvidosa, sentia-se no ar. São os chamados Rastas. Já tinha conhecimento da sua existência mas estava completamente distraído quanto ao número deles que para aí anda, literalmente. Isto a tal ponto que fiquei curioso sobre a sua "cultura" e originalidade, ou falta dela e após uma rápida visita à wikipédia, descobri alguns factos interessantes sobres este movimento.
Parece, então, que este movimento, o movimento rastafári, tem, de facto, na sua génese uma religião que propaga a paz. Uma religião de origem Africana, com raízes ligadas à Etiópia e à Jamaica, que faz o apelo às origens do seu povo, à sua etnicidade e à própria natureza, aí buscam a sua paz de espírito, longe da nossa suposta vida artificial, fazem uso sacramentado de drogas e não comem carne para não magoar os nossos amigos animais.
Ora, pelo que pude observar, a noção de religião já lá vai mas o uso sacramentado de drogas ficou, a busca de paz interior foi substituída pela resignação e pela negação da própria vida ao negarem, para si, um projecto de realização pessoal ou qualquer projecto que vise melhorar a sociedade na qual, queiram ou não, estão inseridos.
Bem vistas as coisas não resta mesmo mais que um grupo de seres humanos sem a mínima aspiração a nada ou projecto pessoal ou de sociedade. Se isso falta, o que será que resta?
A titulo de curiosidade, alguém sabe onde anda esta gente durante todo o dia e o que fazem? Eu não sei, nem imagino ou talvez não:

Chefe: Sr.Zé Rasta, o Sr. hoje chegou atrasado 10 minutos; o que lhe aconteceu? Não tem relógio?
Sr. Zé Rasta: Relógio, o que é isso man?

Chefe: Sr.Zé Rasta, eu sou seu superior, o Sr. tem de me respeitar
Zé Rasta:Man, somos todos iguais bacano, sem stress

Chefe:Sr.Zé Rasta,a sua caixa no final do dia estava vazia, o que se passou?
Zé Rasta: Na boa, o pessoal trazia os carrinhos cheios de compras, estavam todos em fila para sair e ainda queriam pagar, eram só quase morfes, está-se bem, o pessoal já bazou todo.

domingo, 19 de julho de 2009

Cuba




Sempre disse e repito, tenho que visitar Cuba mas, mais uma vez, vou ter que adiar. Ainda gostaria de conhecer a sua realidade com e apesar de Castro. Há, concerteza, muita nostalgia no ar, ruínas de antigos explendores mas cima de tudo muita ânsia e necessidade de progresso mas acima de tudo de Liberdade. Ouvi dizer que as bananas de lá são muito boas também.

Grande Alberto João


Neste país do mais ou menos e do assim assim o Alberto João é uma daquelas figuras que tem o dom de despertar tamanhos ódios quanto admiração,é uma lufada de ar fresco qual vendaval que nos entra casa dentro nos telejornais com as suas autênticas bombas anti políticamente correcto quando temos a sorte de não roçar a brejeiragem.
Pessoalmente, não admiro nem o seu estilo nem a sua política mas que faz falta, faz. Desta vez, no entanto, não é que tenho de dar razão ao homem? Fico estupefacto quando o vejo, logo a ele, a lutar pela igualdade de tratamento e de circunstâncias de partidos políticos e de ideais que não o dele. Atónito, mas a pura da verdade é que tem toda a razão e coragem, muita coragem.
Desta vez, teve o simples discorrer de chamar a nossa atenção para o facto de que o Comunismo enquanto ideal político tem tanto de democrático quanto o Fascismo, nem mais nem menos. No entanto, um é legalizado enquanto o outro é ilegal. Ambos partilham o ideal totalitário e ambos são aversos à Democracia, logo, por que motivo não têm tratamento idêntico aos olhos da constituição?
Neste país de oportunistas e de moralidade mistificadas, a justificação para um ser legal e o outro ilegal é que os Comunistas lutaram pela liberdade contra os Fascistas, os fascistas perderam e estão a cumprir um tempito de castigo no banco de suplentes. Ora, será então, conveniente esclarecer alguns pontos.
Em primeiro lugar, nem em Portugal, nem em nenhum outro país do mundo, os Comunistas lutaram pela Liberdade. Os Comunistas lutaram contra vários regimes para os fazer cair e para instaurar a sua ditadura, regimes Comunistas e jamais regimes Democráticos. Em Portugal, devido, em primeiro lugar, à vontade do povo, demonstrada como ficou no célebre episódio da Fonte Luminosa, não conseguiram anular a Revolução do 25 de Abril e nunca conseguiram, para sua infelicidade, instaurar a sua ditadura.
Quanto a Fascismo em Portugal, nunca existiu. A ditadura foi um facto da nossa história, duro, penoso, que deixou marcas profundas mas que não é considerado por ninguém um regime fascista.
Para concluir, se a minha Constituição permite a existência perfeitamente legalizada de um partido comunista, por que motivo é que a mesma Constiuição proíbe a existência e persegue os partidos de extrema direita? Não haverá aqui dois pesos e duas medidas?
Uma das explicações para esta discriminação é que os partidos de extrema direita aparecem, muitas vezes, associados a outras organizações violentas mas as FP 25 de Abril não foram exactamente um grupo de acólitos para ajudar na missa e o PC nunca foi ilegalizado.
Longe de defender quaiquer ideais violentos, xenófabos ou racistas creio que uma das virtudes, das poucas restantes, do regime democrático é que seja capaz de ouvir a todos e respeitar todas as organizações políticas que, com seriedade e respeito para com os outros partidos, apontem para novos rumos políticos, ainda que diferentes, numa época em que deles estamos tão necessitados.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Acreditar


Há minutos que valem por dias. Hoje foi um desses dias em que, por minutos, abandonamos a capa do nosso ser social, a pequenez da nossa rotina e pensamos um pouco sobre o que realmente dá sentido aos nossos dias, à nossa vida. Mais longos são esses minutos quando a pessoa com quem falamos é uma pessoa boa, lutadora como poucos e amiga que não tem tido da vida a retribuição que merece, aparentemente.
"Gostava de acreditar" disse-me, num daqueles momentos em que pomos os nossos deveres e haveres no prato da balança da vida que lhe tem sido bastante devedora, aparentemente.
Na minha opinião, acredito que a vida é um dom que nos é dado, uma tela em branco que vamos preenchendo com pinceladas da côr que escolhemos, com as formas que decidimos traçar. No entanto, nem todos temos a chamada veia artística e por isso o resultado final nem sempre é uma obra de arte e, para além disso, temos que pintar a tela com a palete de cores disponíveis e com pincéis, mais ou menos afiados pelas maldades da sorte ou do azar.
A nossa fé, as nossas convicções, ideais e princípios de vida, a rectidão do traçado que desenhamos são tremidos pelos abanões da vida. A perda de ente queridos, a doença, a maldade, a mentira, a falsidade, o cinismo são borrões que nos aparecem na tela, que nos fazem questionar o porquê de tudo isto, o porquê de tanto sofrimento, de tanta dôr quando pura e simplesmente não o merecemos. Daí acabarmos por questionar o próprio sentido da vida.
Nesses momentos, acredito que, para vermos o quadro na sua totalidade, nos devemos afastar para procurar ver as coisas de uma perspectiva mais distante para perceber o quadro maior e tudo aquilo de bom que há nele. É nesse momento e dessa distância que vemos aquilo que é verdadeiramente importante, o que temos de bom na nossa vida e a que temos de dar valor. É aí que nos apercebemos que ainda que o prato mais pesado não seja o das alegrias,estas, valem mais que mil acidentes de percurso.
A tela que desenhámos em vida há-de ficar cá por muito mais tempo que nós, há-de deixar memórias, suscitar sorrisos, lágrimas de choro ou alegria em todos aqueles com quem privámos e que acabaram por nos inspirar na sua criação.
Quanto a nós, eternos pintores de telas em branco que vamos apurando o nosso traçado pela mão da experiência e das aprendizagens de vida, iremos criar novas telas algures mas, para já, vamos, então, apurar os pormenores da tela que pintamos agora para não repetirmos os mesmos borrões na próxima. Eu acredito.

terça-feira, 7 de julho de 2009


Gosto de surpresas, boas surpresas, atenção. No entanto,há momentos para tudo, mesmo para as más surpresas.Mais do que isso, há mesmo momentos sagrados, momentos em que nada devia de correr mal por nenhum motivo.
Mais do que surpresas, no entanto, gosto de tudo o que é tradicional, excepção feita a uma sova com um pau de marmeleiro. Tenho pena que, pela evolução dos tempos, as velhas capelinhas vão encerrando as portas, os balcões de mármore vão dando lugar ao inox e ainda prefiro os talheres com cabo de madeira. Tenho pena que tudo o que é bom acabe.
Se há momento em que nada deve correr mal é quando se abre uma garrafa de vinho e se há sítio onde não se esperam surpresas é dentro de uma garrafa de vinho. Que o vinho esteja passado ou que possa ter um toque a rolha é uma daquelas situações, são o preço a pagar por tudo o que é bom mas que não é imune ao erro ou às forças da natureza que lhe dá a própria vida.
O pior acontece quando em vez de uma rolha de cortiça, um produto milenar, dos melhores produtos nacionais com maior retorno económico, que se torna corpo do próprio vinho, se encontre uma coisa.O vinho rosé roça o topo da minha tolerância nesta matéria.E o sobreiro já alguém lhe perguntou a opinião?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um dia...


Para Cristiano Ronaldo hoje foi um dia que não irá esquecer, foi um sonho tornado realidade. Um sonho de um menino de uma família pobre mas que sempre o apoiou e incentivou;um sonho de um menino que, aos catorze anos, deixou o seu pequeno mundo, a sua mãe e o seu pai, para correr atrás da sua sorte. Um sonho de um menino que chorava de noite porque tinha saudades dos pais que estavam longe mas tão perto se ele ao menos desistisse do sonho.Um sonho de um menino que, ao invés dos colegas que, depois do treino, iam para o banho, ficava no campo a treinar mais, a melhorar mais, a correr atrás do seu sonho.Um sonho de um menino que nunca ouviu a quem punha em causa o seu valor, o seu sonho.
Para além dos números envolvidos; noventa e quatro milhões de euros de tranferência, oitenta mil pessoas na apresentação,o vencimento galáctico ou o nove da sua camisola,queria aqui apenas salientar o sonho, um sonho tornado realidade.
Um sonho que nasceu num menino que teve a sorte de ter o dom mas que teve a força, como poucos, de lutar por ele. Em alguns casos, na maioria dos casos, no entanto, isso não será suficiente, muitos sonhos nunca serão concretizados.Nunca irão passar disso mesmo, sonhos não concretizados,mas o que é importante é que nunca, mas nunca, desistamos deles porque são eles que nos fazem correr, aguentar as dores dos treinos forçados a que somos sujeitos todos os dias. São eles que nos fazem seguir em frente mesmo quando nos fartamos de rematar à baliza e a bola parece não querer entrar de maneira nenhuma. Às vezes podemos ser injustamente apanhados em falsos foras-de-jogo ou podemos sofrer golos com a mão do destino mas a vida,essa,como o desporto, deve ser levada com fair-play e devemos saber aceitar que a sorte do nosso campeonato depende de muito mais do que uma jornada infeliz e os sonhos, esses, são o que deve ficar mesmo depois do apito final do árbitro, são eles que nos fazem correr.

sábado, 4 de julho de 2009

Era uma vez


Era uma vez um burro que vivia num monte em pleno Alentejo profundo. Certo dia, o dono do monte quando andava a dar de comer aos animais deu por falta do burro. Procurou,procurou e nada! Mas onde me anda enfiado o raio do burro? Cansado e cheio de calor de tanto procurar, foi buscar um balde de água fresca ao poço quase seco para se refrescar e, para seu espanto, lá estava o burro aflito a dar às patas e a zurrar já cansado. O dono, sozinho, a ver o animal aflito, no poço tão fundo como quase de seco que estava, sem lhe poder chegar, já metia as mãos à cabeça de tanto desespero. Ficas já aqui, não te posso fazer mais nada, pensou ele. Foi buscar uma pá ao barracão e vá de lhe atirar pazadas de terra para cima. O burro, quando percebeu as reais intenções do seu dono, reganhou forças e começou a zurrar ainda mais alto a pedir socorro.
Passado algum tempo e depois de ter levado muitas, demasiadas, pazadas de terra no lombo, o burro começou a sacudir a terra do pêlo e começou a pisar a terra que caía no fundo do poço e começou a subir.Com o poço tapado com a terra que o dono lhe atirou para cima, o burro conseguiu sair do enorme buraco onde estava enfiado.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

DesNorte


Confesso, quando o ânimo nos falta,torna-se difícil, por vezes, não perder o Norte. Estava eu convencido de que este ano seria fértil em eleições, três eleições num ano; mais não seria possível mas equivoquei-me afinal, são quatro e não apenas três. A avaliar pela atenção que lhes é dirigida pela comunicação social não sei mesmo qual das eleitas será mesmo a mais importante.
Com uma eleição já decorrida e com outra a decorrer creio ser já possível fazer mesmo algumas comparações, mais que não seja, entre ambas.
Na que já decorreu, os candidatos foram eleitos entre os supostamente melhores de entre os seus pares; todos os que reuniram condições, propuseram-se a votos e, segundo o seu valor ou dom oratório, assim foram eleitos, ou não. Na eleição que está a decorrer só existe um candidato com esse nome, excluiu qualquer sombra de oposição e sabe de antemão que apenas ele poderá ser eleito.
Na eleição que decorreu os candidatos apresentaram o seu projecto e têm a possibilidade de o executar e de demonstrar o seu mérito ou falta dele e algum valor. Na eleição que está a decorrer o projecto executado foi comprovadamente um completo fracasso mas apesar disso não se assume a incompetência e o erro;em vez disso, fabricam-se desculpas de mau perdedor e inventam-se culpados.
Na eleição que decorreu, o sistema democrático, para nosso bem ou mal,funcionou o que deixou satisfeito o eleitor que foi, ou não, votar. Na que está a decorrer houve um golpe de estado para que um candidato pudesse apresentar a sua estratégia eleitoral.
Ainda em termos de comunicação social, ambas têm tido um tratamento, em termos de tempo de antena, muito especial, facto que não seria de estranhar não estivéssemos nós a falar de realidades completamente distintas: a de uma nação e a de um clube de futebol que aspira a ser uma nação.
Curioso, no entanto, não deixa de ser o facto de num estado democrático como o nosso, com um historial já longo de processos eleitorais, não haja ninguém, à excepção apenas e só de um tribunal,que consiga vislumbrar os atropelos à normalidade do processo eleitoral e o verdadeiro assalto ao poder de uma instituição que muitos identificam como A maior instituição deste país.
Se este alheamento para muitos é normal porque não estão atentos ao fenómeno ou porque a outros até lhes convém porque torcem por outras cores;para aqueles que estão a ser violentados, o seu silêncio tem tão de intrigante como de assustador. Já o seu desNorte, pelo contrário, é uma questão perfeitamente tranquila em função da falta de ânimo que tanta derrota inevitavelmente acarreta. Se o caminho se faz caminhando, para encontrar o seu Norte e tudo de bom que ele augura então talvez fosse de bom tom dar o primeiro passo nessa direcção mesmo que este signifique dar a real boot a quem o merece.
Quanto a mim o resultado das primeiras eleições só pecou pelo reduzido número de votos em branco. Quanto ao resultado da próxima eleição que se adivinha, aproveito já para desejar as maiores felicidades ao vencedor e que Deus o mantenha por muitos e bons anos, no mínimo e no máximo, com resultados iguais àqueles que já alcançou e que provou ser verdadeiramente merecedor.