quinta-feira, 18 de junho de 2009

Melhor que o Euromilhões


Hoje foi, para mim,uma manhã diferente, passada não no Hospital, não no do costume mas num outro,na sala de pequena cirurgia. Nada de grave, limar arestas, por assim dizer, mas que me obriga a uns dias de repouso, fora da rotina. Para matar o tempo, nada melhor do que pôr a escrita em dia, portanto cá vai disto.
Ao passar a vista pelos diários da nossa praça, suscitou-me a atenção uma notícia. Uma notícia sobre um transplante renal a um paciente que teve conhecimento da sua enfermidade num 14 de Maio, data do meu aniversário.Fiquei chocado, no entanto, para além do lastimável facto,com uma outra situação, uma lei, área em que os portugeses são pródigos a fazer, não em cumprir. Antes de Junho de 2007 a doação só era possível quando entre dador e receptor houvesse um nível de parentesco até ao 3º grau, logo, a dadora do rim, neste caso, a sua esposa, estava proíbida de o poder fazer, o que causou, só, uma espera de anos.Pasme-se, até nas nossas entranhas o Estado tinha que meter a mão,literalmente.
No entanto, o que queria salientar com esta notícia, não é o delírio do estado, felizmente já ultrapassado, mas sim o rim. Segundo as próprias palavras do Dr.Alfredo Mota 'um rim não é um direito. É um privilégio, um totoloto, um euromilhões, e um presente muito especial de que é preciso cuidar muitíssimo bem'.
Concordo em pleno, o rim para aquele paciente foi melhor do que mil euromilhões mas melhor ainda foi a sorte que teve na vida ao ter ao seu lado uma mulher que lhe deu uma parte de si para que esta se transformasse em parte de ambos.

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